quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Anotações inúteis sobre gente besta

Aqui vai uma confissão: adoro gente besta. Mas tem que ser besta mesmo, não vale ser "metido a besta", porque disso o mundo está cheio. Tem que ser besta mesmo, de verdade.

Tenho dois amigos maravilhosamente bestas, e sem eles, a vida ficaria muito difícil. Um deles é o Gustavo de Castro, que mora em Taguatinga, o outro é o Iramarai, que mora em Casa Amarela. É uma parada difícil, saber qual o mais besta dos dois. Gustavo é capaz de passar longas horas conversando sobre nada, e é uma prosa boa, que pode terminar numa gargalhada. A última postagem do seu blog (www.razaopoesia.zip.net) fala da gargalhada. Como é bom gente que gargalha! De vez em quando, a gargalhada parece dissolver os nós e nódulos.

O Iramarai é um caso perdido. Meu companheiro de trabalho e andanças é capaz de atravessar cinco cidades, no sertão de Pernambuco e de Alagoas, com uma folha de uma árvore qualquer no bolso, até descobrir o nome. Adora rir de nada, falar besteiras monumentais, de preferência fumando seu cigarrinho de palha. Procurou em três feiras um da marca Saci, mas deu com os burros n´água. Se algum distinto leitor souber onde comprar fumos Saci, favor informar a este cronista.

Gente besta de verdade, mas besta mesmo, gosta muito de brincar com as coisas da vida. São lesos, mas as crianças adoram. Posso ver agorinha a cena, do Gustavo descendo a avenida Angélica, no elegante bairro de Higienópolis, em São Paulo, se equilibrando em um carrinho de supermercado, que surrupiamos numa jornada magistral. Iramarai, sempre que vai beber algo, fica com a mão tremendo, fingindo ser aqueles bêbados em fase terminal.

Ah, os bestas... Como são importantes para minha humanidade. Besta tem uma identificação absoluta com passarinhos, plantas, crianças, cachorros. Podem olhar que os cachorros adoram gente besta. Pelo que sei, Gustavo e Iramarai nunca foram mordidos.

Gente besta dorme em qualquer lugar. Chão de rodoviária, rede pendurada em igreja ou capela. Ri fora de hora, adora ficar elogiando a comida a cada garfada, quando a comida está boa. Gente besta não está nem aí para ganhar um debate. Vai mesmo é aprendendo com os silêncios.

Posso dizer que sou um sujeito de sorte. Convivi longamente com o Gustavo, quando eu me iniciava na besteirança. Me especializei com ele, na convivência repleta de viagens e conversas fiadas. Agora, trabalho e viajo com o Iramarai, que tem doutorado e PHD.

Tenho plano de uma conferência planetária dos bestas. Já tenho três inscritos: eu, Gustavo e Iramarai. Vamos passar uma semana conversando bobagens as mais diversas, rindo do nada, fazendo mungangas para as crianças, fazendo chip chip para os vira-latas.

Como aprendi duas piadas supimpa com frei Aluizio Fragoso, contarei-as.

Uma é sobre um louro que muda de opção sexual, outra é sobre um fanho, que faz dois pedidos ao gênio da lâmpada. Besteiraremos ainda mais a vida, de norte a sul.

ps. Estava terminando esta crônica inútil quando chegou por aqui, do nada, a Flávia Suassuna, que é da mesma turma. Besta de verdade chega do nada, conversa umas bobagenzinhas, esquece o objetivo da visita, e vai embora, bestamente.

6 comentários:

Mack disse...

Menino, quanta saudade das tuas besteiras. Mas olha, inscreve minha amiga Aldenize nessa conferência. Lembra dela? Passamos uma tarde na tua antiga casa do Poço, assistindo a filmes.

É a criatura mais besta que já conheci. Uma besteira que beira a pureza. Inveja boa de quem a tem...

Beijo!

Anônimo disse...

Andei ausente por um tempo,mas a volta é boa porque tem um monte de coisa linda pra se ler aqui e na Trança de Flavia. Eu acho q os "bestas" se atraem, mas tenho sentido que eles são cada vez mais raros. Uma pena... Não tem nada mais gostoso do que, num dia qualquer, ter o coração acelerado por reconhecer aquela voz amiga gritando: "Ei, abestada!" E só gente besta de verdade pra saber como isso é bom.
Beijo, Fernanda Bérgamo

Anônimo disse...

Sama,
eu, Gildazio e Naná somos uns bestas também de ir ver o santinha jogar na Ilha e ainda ir ver a derrota neste sábado contra o Central.

Um abraço

Amandinha Melo disse...

a vida é boa mesmo quando é assim... leve.. BESTA..


beijos sama :*

Renata Marques disse...

E tem coisa melhor que conversar besteira com gente besta?!

É o tipo de pessoa que me faz liberar minhas melhores gargalhadas!

ps: Amo flávia Suassuana!
Já fui aluna dela!E por sinal, achei o endereço de seu blog nas indicações do dela! ;)

Um bom fim de semana,
recheado de besteiras!

Anônimo disse...

haha, bonitão....fui falar para meu amigo que ele conseguia ser mais besta que eu......olha a peróla que ele mandou: "E assim de bestage em bestage vamos nos amando."
bjs,
Yvette Teixeira