quinta-feira, 28 de junho de 2007

A arte e o tempo

Sem tempo para crônica nova, vou de Eduardo Galeano, esse uruguaio infinito.

"Quem são os meus contemporâneos? - pergunta-se Juan Gelman.

Juan diz que às vezes encontra homens que têm cheiro de medo, em Buenos Aires, em Paris ou em qualquer lugar, e sente que estes homens não são seus contemporâneos. Mas existe um chinês que há milhares de anos escreveu um poema, sobre um pastor de cabras que está longe, muito longe da mulher amada e mesmo assim pode escutar, no meio da noite, no meio da neve, o rumor do pente em seus cabelos; e lendo esse poema remoto, Juan comprova que sim, que eles sim: que esse poeta, esse pastor e essa mulher são seus contemporãneos".

(In "O livro dos abraços")

2 comentários:

Dulce de Vasconcelos disse...

O Livro dos Abraços é de uma beleza ímpar. Sinto-me obrigada a dizer que o teu estilo lembra um pouco o de Galeano (lá vai rasgação de seda!). Uma das estórias que mais me tocam é aquela do pai que leva o filho para ver o mar. Quando chegam perto o menino se adianta, sobe uma colina e vê o mar, pela primeira vez. Diante da grandiosidade daquele beleza, volta-se para o pai e diz:
- Pai, me ajuda a ver!

Beijo.

Anônimo disse...

Samarone,

Eu adoro o "livro dos abraços", volta e meia me pego relendo-o.Acho que já repeti umas cinquenta vezes.Concordo com Dulce seus textos tem algo em comum com os de Galeano.

Um abraço,

Conceição Cardozo