A frase mais importante que escutei em 2005 veio de uma criatura linda, muito linda, de alma generosa e coração imenso. Em um determinado momento da conversa, ela disse:
"Tem uma coisa importante em minha vida: eu sei perder".
E me contou das perdas familiares, amorosas, tantas para seus trinta e poucos anos. A ferro e fogo, foi aprendendo a perder, com mortes, separações, despedidas.
"Há coisas que não são para mim, então eu aceito e deixo seguir".
A gente nasce e cresce aprendendo que o importante é ganhar. A arte de perder, melhor, de saber perder, nunca entra em nossa lista de intenções. "Quero aprender a perder em 2006". Quem vai escrever isso?
Não sou tolo de escrever mensagens natalinas para meus poucos leitores. Se pudesse escrever algo, eu daria somente esta sugestão: aceitemos as perdas integralmente, com tudo que elas trazem.
Percebi, naquele momento, em uma simples conversa, que certas coisas não são minhas, por mais que eu as queira. Senti uma paz imensa, misturada com uma inveja calma. Não, eu ainda não sei perder com esta força interior, que empurra a vida para cima, sempre para cima, e deixa o coração suave, apenas pulsando em seu ritmo, até que venha algo definitivo e bom. Mas aprenderei.
A conversa foi sobre dores, mas desconfio que foi sobre amor.
Sim, foi sobre amor. Porque a gente só sente a dor da perda quando perde amor. Objetos vão e voltam. Amores, quando vão, nunca voltam, é lei universal.
E amor a gente perde, mas nunca pede.
Obrigado, dona Bianca.
ps. continuo publicando poemas no www.queremospoemas.blogspot.com
7 comentários:
Muito oportuna essa crônica. Este ano tive duas grandes perdas profissionais que me fizeram sentir um lixo, enquanto aspirante à jornalista.
Mas engraçado que tô com muito mais força pra começar 2006. Uma vez li em algum lugar uma frase que me marcou, diz assim...
"É quando estou mais fraco que me sinto mais forte"...
Inicia-se um novo dia, um dia que nunca existiu.
me duele.
Concordo com vc em tudo. Creio mesmo que "só sente a dor da perda quando perde amor". Também quero saber perder, ou melhor, aprender, mas não queria sentir mais essa tal dor. Beijosssss
E eu, que sou alvirubro...
Ato falho, menino. Claro que QUEREMOS poemas, mas o nome do blogue é QUEMEROS...
;.)
Continuo visitando você e lendo coisas lindas como este último post, adoro tua sensibilidade, esse dom de ver riqueza no dia-a-dia comum das pessoas comuns. Um beijo, e que você tenha tido um feliz natal.
Acho que você tá assim porque de certa forma "perdeu" os cabelos.
No mais, traduzir todos estes sentimentos do cotidiano no papel é uma arte.
Valeu!
Oi Samarone!!! Conehci vc através de um grande amor..perdido na distância, mas não no tempo, nem na lembrança....lindo seu texto. Obrigada!!!
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