sábado, 23 de dezembro de 2006

Esse tal de Natal...

Recebi muitas mensagens desejando Feliz Natal, e retribuo com todo o carinho, mas com uma ponderação: é um período do ano que considero esquizofrênico.

Desde pequeno achava esquisito, na adolescência confirmei e depois, já adulto, nunca entendi o Natal. Aceito explicações as mais diversas.

Pode ser mesmo um trauma. Teve um Natal que meu pai se arretou com alguma coisa, e quebrou minha carreta que seria presente de Natal. Pisou a carreta e todos os carros, uma frota deliciosa vinda diretamente da Wolkswagem, creio.

Depois ele se arrependeu e resolveu me levar para comprar outra carreta. Ganhei uma maçã e fui com ele, na garupa da bicicleta. No caminho, a maçã caiu, e doeu mais que a carreta. Os psicólogos explicam essas coisas direitinho, e os psicanalistas vão mais longe, com acusações de complexos os mais diversos.

Estou em Petrolina, terra do saudoso Marcel "Despedida em Las Vegas" Tito. São 10h53 e o comércio está à beira de uma guerra civil. Olhei no jornal de hoje. Vai ter shopping no Recife funcionando de 9h às 23.

Fico olhando essa confusão toda e lembro que minha avó Zeneuda fazia um presépio, todo ano. O lago era um espelhinho, com areia ao redor. Tinha um menino Jesus lá em casa, num lugar bacana. É uma lembrança boa, porque depois do Natal, ela guardava o presépio embulhado em jornal, e no ano que vem tinha mais.

Depois que minha avó morreu, não teve mais presépio, pelo menos que eu saiba.

Meu irmão Paulinho não vai passar o Natal em Fortaleza, ao lado de sua mãe, que também é a minha, porque a TAM empombou tudo na reta final.

Me surgiu uma dúvida existencial de máxima grandeza: que diabos eu fiz, naquele Natal de muitos anos atrás, para meu pai pisotear a minha carreta e todos os carrinhos?

Vamos que vamos. Não vejo a hora de chegar ao Recife, cidade lendária.

5 comentários:

Anônimo disse...

Sama,
não gosto do clima de consumismo que toma conta das pessoas nesse período de Natal e fim de ano.
De forma que procuro acreditar no propósito da reunião de família ou de amigos que acontece tb nesse período sem levar em muito em consideração a crença de cada um. Penso que poderia ser em qualquer época do ano mas, tradicionalmente, esses encontros tendem a acontecer justamente nesse período.
Então qdo desejo um bom Natal e uma feliz passagem de Ano tenho dentro de mim a intenção de desejar que esses encontros e reuniões sejam as mais agradáveis possíveis, que venham cheias de recordações maravilhosas, acompanhadas de muita troca de carinho, enfim... que sejam momentos de muita paz e alegria, apesar de toda dificuldade que o mundo está atravessando!
Então Sama, que esse Natal, onde quer que vc esteja, que vc esteja acompanhado por pessoas maravilhosas que possam proporcionar a vc momentos mais maravilhosos ainda, com carinho, paz, equilibrio e harmonia. E que o Ano que se inicia venha acompanhado de muita energia positiva pra que as suas conquistas sejam pelo menos o dobro das ocorridas esse ano.
Muita paz e saúde pra vc e todos os seus! Pra todos nós...

Anônimo disse...

Keila, obrigado pelo carinho.
Tudo em dobro para você e os seus.
Samarone

Anônimo disse...

Hum, hum... entendo você. É tanta mensagem melosa que a gente fica meio sem jeito de gostar do Natal. Mas gosto sim, para mim é uma tradição e adoro tradições. Todo ano juro que não vou fazer nada, mas já está pronto o pavê pereferido de um, a torta preferida do outro. E tenho lembranças gostosas, por exemplo, o primeiro Natal do primeiro filho e os olhinhos dele brilhando mais que as luzinhas da árvore. Árvore que continuo montando para as netas, cujos olhos brilham da mesma forma. Danem-se os anúncios da TV, eu gosto de presentear, mesmo num ano de dureza total. Dar um jeito de comprar aquela saia que a neta tanto quer e ver a cara dela ao receber - isso não tem preço.
E pra você posso ao menos desejar que chegue logo ao Recife, como está ansiando.

Anônimo disse...

Sama, li sua crônica e resolvi também te dizer o que, pra mim, representa o Natal. Pra mim ele não é uma época esquizofrênica de jeito nenhum, esquizofrênica ou, talvez o termo mais apropriado, perversa é a nossa sociedade, quando planta valores distorcidos. No Natal o comércio ganha muito e parece, como você disse, guerra civil. No entanto, creio, isso nada tem a ver com o Natal.
Natal, pra mim, meu querido, é a época mais bonita do ano. Jesus foi o grande revolucionário, muito muito mais do que qualquer outro...sem comparações. Ele plantou a paz, a igualdade, a justiça social, o amor, ele plantou e foi tão forte, que após mais de 2000 anos, ainda não apenas fala-se dele, como procura-se segui-lo. Independente de qualquer credo, até ateus reconhecem, como uma socióloga(atéia) tempos atrás, que disse que se aplicássemos o que Ele falou não existiria miséria, fome ou qualquer outra forma de desigualdade ou preconceito. Então, o Natal é a celebração do seu nascimento, que pode ser também, se quisermos, a renovação da esperança de um mundo melhor. Pena é se esperar pelo Natal por isso. Porém, creio e conheço muita gente que não espera. Imagino que esse trabalho que você tem feito tem um pouco ou muito talvez disso tudo...cada cidade que se conhece com sua gente tão singular, seus problemas e belezas tão particulares...as risadas distribuídas, a alegria compartilhada...pra que mais do que isso?
Pena que depois de Zeneudinha ninguém mais fez o presépio...
Um Natal de muito amor pra você e tia. Que 2007 seja bem produtivo e muito feliz, cheio de "pequenas" coisas verdadeiras pra alegrar o coração.Beijão!

Anônimo disse...

Sama,

De 9 às 23? Não, meu caro, alguns shoppings viraram a madrugada abertos e (pasme!) estavam lotados, segundo eu soube.

Meio desalentadora esta onda cada vez mais consumista do Natal, mas, graças a Deus, há sempre gente na contramão da boiada, mantendo a idéia do presépio, da mão estendida, do agradecimento por toda essa maravilha que a gente recebe cotidianamente: os amigos, o amor, a humildade, a comida, o ganha-pão.

Um beijo no coração,

Karyna