terça-feira, 5 de junho de 2007

Autobiografia sem ritmo

Diante da proximidade do feriado de Corpus Christi, achei que precisava passar para os leitores algumas informações sobre minha trajetória físico-espiritual. Aproveitando a tarde livre, consegui organizar uma autobiografia sobre esses 38 anos. Vamos aos fatos:

03/05/69 - Nasci, no Crato. Há informações concretas de que o parto foi difícil. Minha mãe não tem reclamado muito. O fato mais importante do ano: o Santa Cruz foi campeão pernambucano. Essa eu perdi.

1972 - Primeira tentativa de cair fora de casa, aos três anos. Fui interceptado cinco quilômetros depois, a mil por hora. Não sei para onde estava indo.

1974 - Estou com cinco anos. O tempo passou rápido.

1978 - Sou fotografado em Pentecostes, no Ceará. Estou usando uma roupa da Copa da Argentina. Deve ser por este motivo que gosto tanto de tangos.

1979 - Anistia aos presos políticos. Meu pai já gostava do Altemar Dutra e Núbia Lafayette. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas fica o registro histórico.

1982 - O Brasil perde para a Itália, na Copa da Espanha. Pensei em tomar veneno. Faltou-me coragem. Ódio visceral de Paolo Rossi.

1983 - Tomei veneno, mas me salvaram a tempo. Teve um amigo meu, que nessa idade, tinha tocado fogo na casa. Naire não me deixa mentir.

1987 - Vim morar no Recife. O Recife é mais bonito que "Teresa", do Manuel Bandeira. O Recife me entupiu as veias de algo que não sei o nome.

1991 - Topada fuderosa na rua do Príncipe. Arranquei a cabeça do dedão. Neste momento, nunca estive tão liso.

1993 - Me formei em Jornalismo. Na colação de grau, em uma tarde quente, meus óculos estavam embaçados. Minha mãe queria cópia do diploma, para uma moldura. Farrapei.

1994 - Fui morar em São Paulo. Senti frio, fome e cansaço. Depois deu calor e me faltou ritmo. Fui tocando pela lateral esquerda, com meu amigo Gustavo. Fiz dois gols de fora da área, outro de pênalty. Várias vezes fiquei impedido.

1997 - Comi uma mão de vaca que não fez nada bem. Nessa época, já sentia saudades do Frevo, mas do Maracatu não.

1999 - Deixei o cabelo crescer. Ele cresceu. A barba já estava por ali. Virei um desgrenhado.

2000 - Voltei ao Recife. Fazia sol e tomei doze porres seguidos. Fui ser dono de bar, coisa que fez muito mal ao fígado.

2002 - Duas voltas no Parque da Jaqueira. Cansei rápido. Resolvi jogar na zaga do Caducos Futebol Clube. Peguei banco na primeira temporada. Me recuperei na segunda, e botei o Mudo para o lugar dele. Por volta do meio dia, contraí Dengue.

2004 - "Não vai faltar um sopro de vida", me disse um pai de santo. Eu, de besta, acreditei. Olhei para os lados e vi que a coisa estava pegando: 35 anos.

2005 Comecei a escrever crônicas. Grande coisa, bem lembrou um amigo, após a segunda cerveja. "O melhor dos teus textos são os comentários". Pura verdade.

2006 - Bati outro carro, prejuízos financeiros os mais diversos. Comprei uma rede em Santa Maria da Boa Vista com as cores do Santa. Dei de presente ao Serjão.

2007 - Acabei de ler meu milésimo livro, mas não fiz o menor sucesso. Incluí na lista bulas de remédio, cordéis e a coleçao Primeiros Passos. Um camarada veio me chatear, então respondi, meio ríspido: "Peraí, rapaz!". Deu certo pela segunda vez. Por essa época, eu já queria comprar um circo e sair por ai, ao deus-dará.

Continuo por aqui. Salve Deus.

4 comentários:

Anônimo disse...

Agosto/2005 - Um dia criei coragem e bati na porta do Poeta, de perna bamba, debaixo dum toró do cão. Pra sempre.
Adri

Flor disse...

Olá, desculpa a invasão aqui no teu blog, mas a gente fica passeando de link em link. Vim parar aqui e gostei do que vi, aliás do que li. É sempre uma grata surpresa encontrar gente que consegue colocar um pouco de sensibilidade nesse nosso cotidiano cada vez mais eletrônico e automático.

Parabéns.

Abraços

Dri

Anônimo disse...

Sobre uma antiga qestão...
Por que o sal derrete as lesmas?

Porque cloreto de sódio (sal) tem uma propriedade chamada higroscopia, que é uma tendência a atrair água. E como as lesmas não têm o corpo protegido por pele estratificada, contanto apenas com uma fina camada unicelular, ela absorve rapidamente a substância, desidratando-se e "derretendo".

"É como quando largamos sal na boca. Ele rapidamente derrete e nós o absorvemos", compara o professor de zoologia José Willibaldo Thomé, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

A diferença é que a quantidade de sal que largamos no corpo da lesma é muito maior do que a encontrada no seu organismo, causando o seu "derretimento" através da osmose.

Ou seja, o sal, através da higroscopia, retira toda a água do corpo das lesmas, causando a sua morte.

Anônimo disse...

Ei, Sama,

So pra seu governo (se por acaso tu for besta de ficar lendo comentario de cronica antiga), em Pernambuco ninguém "arranca a cabeça do dedao" numa topada. Em bom pernambuquês, uma topada de respeito arranca é o "samboque do dedo"! Aquele que nunca arrancou o samboque do dedo nas calçadas do Recife é porque nunca saiu de havaiana ou de xôboi!

Ana Paula