Pois foi. O carro do João Lin, aquele que às vezes fazia uns traços aqui para o meu Blog, foi roubado semana passada. Assim, na cara dura, em alguma rua que não sei o nome, no bairro que já me apontaram, mas esqueci. O carro era um Fusca, de ano incerto da minha parte. Mais que isso, era "o" Fusca, segundo os amigos do Lin.
Com mais esta ação criminal da maior barbaridade, já são três órfãos de Fusca, no meu ciclo de amizades: João Lin, João Valadares e eu mesmo.
O roubo do João Valadares foi relatado nos pormenores, neste mesmo Blog, até porque começou cômico e terminou trágico. De manhã, ele flagrou um sujeito tentando levar seu carro. Perguntou o que o camarada fazia dentro de sua propriedade, o indivíduo olhou e respondeu:
"Rapaz, eu ía levar, mas tu chegasse, vou deixar pra lá".
E foi embora, assoviando uma música do Paulo Diniz.
À noite, do outro lado da cidade, levaram o cobiçado instrumento de transporte do meu amigo. Não sei se ele chegou às lágrimas de fato.
O meu caso foi um pouco mais complexo. Meu possante Fusca azul, de ano 68, se envolveu num abalroamento, ou um "entrechoque de veículos em terra, águas ou no ar", como informa o dicionário, com um Honda Civic, numa via de Casa Forte. Dei uma cochilada braba, perdi o rumo e afundei o Honda. O prejuízo só não foi maior porque o sujeito do Civic tinha seguro e saí vivo. Bater em poste, por exemplo, é uma coisa que realmente eu não gosto.
Como eu estava numa pindaíba dos diabos, meu Fusca ficou numa oficina durante meses, eu sempre prometendo iniciar o serviço, até que foi enferrujando, piorando, como um doente abandonado num hospital sem nome. Um dia, o dono da oficina botou meu Fusca pra fora, e tive que vender por uma mixaria, para não vê-lo guinchado para um ferro-velho.
Meses depois, vi o mesmo Fusca todo refeito, pintado, até com equipamento de som, mas com aquelas rodas largas, horríveis, breguíssimas. Dei uma volta com o novo proprietário, para resolver uma pendência de multas, e fiquei me sentindo fora do lugar. Era como se um parente tivesse viajado para o exterior e voltado com uma peruca loira, falando inglês, achando Miami o máximo e reclamando do calor do Recife.
Nunca mais vi meu ex-Fusca. No meu caso, já nem quero mais ver.
João Lin bem que gostaria de ver o seu, até porque o livro de atas de nossa escola estava dentro. João Valadares também.
Esse mundo está ficando muito malvado.
9 comentários:
"Rapaz, eu ía levar, mas tu chegasse, vou deixar pra lá".
ahahah, isso é Brasil!
Desse jeito, os fuscas vão entrar em estinção. :(
Sama,
O negócio de roubo de carros ou assalto nos sinais está de lascar. Outro dia, um amigo meu sofreu um sequestro relâmpago e achou que o prejuízo maior, ele suspeira, foi dado pela polícia.
A situação está crítica. Com esta insegurança pública a gente já não pode mais ser feliz direito.
Um abraço,
Dimas Lins
Sama,
O negócio de roubo de carros ou assalto nos sinais está de lascar. Outro dia, um amigo meu sofreu um sequestro relâmpago e achou que o prejuízo maior, ele suspeira, foi dado pela polícia.
A situação está crítica. Com esta insegurança pública a gente já não pode mais ser feliz direito.
Um abraço,
Dimas Lins
adorei
Quer ser feliz? Tome um café fresquinho às sete e meia da manhã, lá mesmo na esquina da Rua do Bom Jesus, e caminhe, debaixo da chuva fina, até o número 147, sob o pretexto de receber o pagamento de uma dívida antiga, cuja moeda é, a propósito, encontro, encontro de mar com rio, pergunte pelo Poeta, e troque um abraço com ele...
Adri
ps. alguém ali quer aprender Inglês, rsrsrs?
Estamos meio órfãos dos traços do João. Espero que tenha encontrado o carro. Abraços do mano PH
Rapaz, eu tenho de te contar uma historinha, porque ontem foi um dia bem dramático, enquanto três meninas tentavam conhecer o tal Samarone Lima.
Tudo começou com um jornal anunciando o festival de literatura recifense. E tinha lá na programação do sábado na Livraria Cultura uma participação dos representantes do Kabum! em uma mesa. As meninas ficaram empolgadas e resolveram não ir à aula extra de matemática, porque literatura é uma coisa que elas dão mais valor.
Qual não foi a surpresa das meninas ao ver a programação alterada... Só no domingo teriam o evento do sábado.
Aula e passagens perdidas, além de tempo para fazer coisa, resolveram bater perna pelo Recife Antigo, aquele lugar lindo. Viram o jornal do outro dia ficando pronto na Folha de Pernambuco, beberam o bom e velho leite maltado, visitaram a exposição de fotos de Beto Fiquerôa (de quando ele tava em Cuba), viram um recital bem bacana na cultura e por fim foram comer pastel no Burburinho.
Uma das garotas tinha um encontro em Olinda, na famosa e aconchegante Bodega De Véio, com os amigos. Os amigos não foram, mas as três meninas da historinha foram, e se divertiram por lá.
Aí é nessa hora que você pergunta: sim, e cadê o drama dessa história?
As três ficaram lisas e uma delas (essa que escreve) talvez não possa arriscar mais uma vez hoje na Cultura. Digo arriscar porque o organizador falou ontem que não sabe quem vai representar o Kabum!
E, falando em Kabum!, passaram por lá, na mera esperança de aparecer um barbudo, mas ele não apareceu. E ficaram apaixonadas pela beleza do lugar e a beleza do que fazem lá dentro. E ficaram com vontade de perguntar: precisam de voluntários?! E é essa pergunta que te faço agora, e que você, se quiser, pode responder para o e-mail: julianagc@gmail.com!
Enfim, é só isso mesmo!
Espero que você tenha paciência de ler!
:)
Sama,
Recetemente adquiri um Fusca laranja 73, no momento ele está na oficina (lugar que, imagino eu, será frequentado por ele algumas vezes) para adaptações de acordo com as axigências do novo dono, que no caso só é uma: que ele para de falhar.
Espero não entrar para esse time de órfãos nem tã cedo, mas depois de ler tua crônica achei melhor deixar guardada minha vaguinha na lateral direita. Por enquanto vou tentando o santinha, é mais fácil tirar Russo e Marquinhos do que ter meu Fusca roubado e entrar para este time.
Minhas sinceras condolências a Jõao Lin, Valadares e a você.
Um xero
Pedoca
Corrigindo um erro gravíssimo. Os laterais do mais querido são Russo e Carlinhos (não Marquinhos).
Postar um comentário