Recife, 12 de outubro de 2005.
Acordei há pouco, olhei para o lado, o livro estava lá: “Estuário – crônicas do Recife”, publicado pela Livro Rápido (serviço de impressão de obas raras e contemporâneas). Dei mais uma olhadinha, com o ventilador ligado no três, porque o amanhecer no Recife tem este solzão de rachar. Então fui lembrar do lançamento do meu terceiro livro, de 1998 para cá, que aconteceu ontem, na Bienal do Livro do Recife.
É preciso que se diga que a impressão da citada obra passou por uma espécie de calvário, envolvendo os aguerridos editores (César Maia e Júnior, do Ateliê), e a Carminha, da Livro Rápido. Aconteceu de tudo, e de tudo isso que não entendo nada: cor da fonte, espelhamento da edição, margem do texto etc. Ontem, no final da manhã, veio a frase fatal:
“A máquina deu um pau”.
Lembrei logo da frase de Sidclay:
“Tchau, guaranau”.
De sorte que cheguei ao Centro de Convenções já resignado, como aqueles bois que vão ao matadouro. Seria um lançamento sem livro, o que não seria nada estranho para a minha curta e insistente carreira de escritor, cheia de cenas engraçadas e aflições. No stand da Livro Rápido, Tarcisio Pereira me recebeu com um sorriso e a famosa frase:
“Chega já”.
Então eu dei umas voltas com minha irmã, a conhecida Dona Ermira, que estava arrasada psicologicamente, pela falta de uma câmera fotográfica. Andréia, minha prima, se dedicou a procurar livros para os filhos, que ficaram em Fortaleza, e encontrou vários, inclusive um que ensinava a tabuada de forma divertida. Caramba, como está mais fácil ser criança hoje em dia!
Voltei para o stand, e Tarcisio me recebeu com outro sorriso:
“Chega já”.
Começaram a chegar os amigos e alguns leitores, inclusive os pais de Fabiana, uma cativa leitora que mora na Inglaterra. Peguei o mote de Tarcisio, abri um sorriso e disse:
“Chega já”.
Um calor do caralho, aquele Centro de Convenções, eu com uma camisa branca e calça creme (não teve crediário, dessa vez), à espera de Estuário. Chegaram Júlio Vilanova (tricolor), Inácio França (tricolor) e Geórgia (alvirrubra). Chega já, meus amigos, chega já. Minha mãe já estava cutucando os transeuntes, à procura de uma máquina. A Livro Rápido ofereceu vinho, que aceitei imediatamente. Minha mãe tratou de virar o primeiro copo em cima da mesa, tumultuando o ambiente. Para cada pessoa que chegava, eu me antecipava:
“Está chegando” (achei melhor que o distante “chega já”).
Chegou a turma da esculhambação: César Maia (zagueiro), Ivanzinho (médio volante) e Barreto (ponta de lança), além de Júnior, recém-contratado, mas ainda sem posição fixa, no esquema tático do Ateliê. Foram tomar uma cerveja para relaxar, apesar de não ter achando nenhum deles nervoso. Fiquei falando com os amigos, e depois de tanto “está chegando”, senti que estava chegando a hora de tomar mesmo era uma cerveja, porque o nervosismo já tinha chegado. Fui ao encontro da citada rafaméia, que estava bebericando na Praça da Alimentação.
Ali pelos 12 minutos do segundo tempo, recebi a informação pela Adriana, ao pé do ouvido:
“O teu livro chegou”.
Me deu um arrependimento no espírito, um tremelique nos sentimentos e uma vontade de sair correndo. Barreto, sutilmente, me livrou da conta. Cheguei ao stand e Tarcisio me recebeu com um sorriso:
“Chegou”.
Minha mãe já estava com um exemplar e tinha conseguido angariar uns quatro ou cinco fotógrafos de qualidade.
A educadíssima fila tratou de esgotar rapidamente a primeira edição de Estuário. Por questão de marketing, a editora resolveu não informar quantos exemplares foram vendidos, e também não me dei ao trabalho de contar. Sei que Inácio, Júlio Vilanova, os pais de Fabiana, Andréia e Pérside (mãe de Lulu), saíram com o livro nas mãos, além de outros convidados. Eupídio tirou fotos como o quê. Minha prima se tornou a caixa oficial.
Após o lançamento-relâmpago, fomos todos ao Garraffus, onde a obra citada circulou entre as mesas, como um cachorrinho de estimação. Dei várias olhadinhas, lambendo a cria. O texto que mais gosto, que mais me diverte, é o “Uma Hiroshima na Pajuçara” (página 216), sobre uma pelada numa praia, em Maceió. Mas o que sinto um gostinho especial ao reler, é a história de Epifânio Rodrigues, o “Colecionador de Epifanias” (página 304). Ali, acertei em cheio, creio.
Sexta-feira devo receber a segunda edição. Vou pedir para a Livro Rápido colocar uma tarja preta, informando: “Edição revisada e ampliada pelo autor”, para dar mais um charme. Acertei com Macksandra e Michelle uma festa para o próximo sábado, para o re-lançamento de Estuário, com vários amigos convidados tocando no improviso no Garraffus (sem couvert, please): Jr Black, SanB, Chiló e a Sanfona Coral etc. Não sei se elas tinham tomado um aperitivo a mais, de formas que considero encaminhado o lançamento no sábado, o dia em que não vai faltar Estuário para ninguém, nem pra mim.
A capa foi elogiadíssima, bem como a apresentação do magro Valadares, que se empolgou tanto, que falou até de crônicas que ainda não foram publicadas, deixando o leitor curioso sobre esses textos do futuro.
Acuso ausências fundamentais – tia Flocely, Vital, Valzinho, o mano Paulinho, Emília, Lucila, entre outros e outras, a lista é grande. Mas os que estavam por lá me pareciam bem contentes, então viva a vida.
Sábado a gente faz uma farra boa e assim caminha a humanidade, pelo menos a minha, a dos que amo.
Ps. após o relançamento, deixarei o livro sendo vendido em dois lugares - em seu Vital, aqui no Poço da Panela, e no Garraffus. Como levei um carão de Tarcisio, vai ficar por R$ 28,00. Se souberem de alguma livraria que tope colocar o livro por lá, agradeço.
10 comentários:
Oi Sama (desculpa a intimidade),
você não me conhece, mas sou sua leitora assídua. Não consegui comprar o livro. Vi a capa e achei linda. Já tinha lido quase todas as crônicas. O texto do jornalista atrás do livro tá simplesmente belo. Me emocionei como ele falou de você. Sábado estou no Garrafus para comprar um exemplar. Ainda vou levar um grupo de amigas.
Um beijo
Juba
vixe, deu vontade de estar lá!!
e para quem quer comprar um aqui no Rio, como faz?
encomenda, né? vou falar com Adriana..! rs
beijos, Sama
Luciana (sobrinha de Adri)
Sama querido,
Peço desculpas, mas quem saiu com o livro na mão fui eu...
Beijos!
cenas de um futuro bem proximo: eu sentada ao pe da porta todas as manhas esperando o carteiro chegar com o teu livro autografado. Eita, nao vejo a hora.
beijos, homen-perola.
Caro Sama,
Começando pelo trivial, mas necessário, merecido: PARABÉNS ! Uma bela capa para envolver o conteúdo que é um cardápio rico de delícias cotidianas. Comecei a ler ontem mesmo, acompanhado por uma dose, escolhendo a esmo. Gostei de quase tudo. Não poderiam faltar as peripécias do lançamento, material para mais uma história, que você vai contar por aí pela vida afora. O comentário era de que a rapidez da vendagem é estrátégia de marketing da Livro Rápido, do querido Tarcísio Pereira, grande batalhador. Aliás, entre as que li e gostei muito, está a homenagem à Livro 7, um pedaço de todos nós ali, no coração desta cidade que a gente ama. Parabéns, mais uma vez !
Julio
Samarone
Parabéns pelo sucesso. Você merece
!! Um grande abraço, Priscila
Olá Samarone! Sábado vou estar no garrafus pra comprar meu exemplar.
Beijos, Raquel
parabéns pelo livro!
Confesso que tenho todas as crônicas salvas em meu computador em um trabalho semanal de colecionadora dos seus textos.
Mas comprarei estuário porque nada se iguala ao prazer de ter um bom livro em mãos.
Só ressalvo que da próxima vez, deixe explícito já no título que terá uma segunda edição... que belo susto tomei ao ler que se esgotou!!!
Beijo de uma ex-aluna jornaleira
Parabéns!!!:)))
Sama querido,
Agora que vc vendeu o Garrafus, como faço para adquirir meu exemplar? O Maurício vende?
À propósito, parabéns não só pelo livro, mas por estar conseguindo dividir espaço com Vinicius de Moraes em minha vida.
beijos de Aninha
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