"Muito já se falou sobre o heroísmo dos que tentaram assaltar os céus, pegando em armas para enfrentar a ditadura. As homenagens são merecidas, especialmente porque muitos, generosamente, deram suas vidas ou enfrentaram provações terríveis para que o Brasil fosse um dia melhor. Mas pouco se falou sobre o trabalho miúdo e anônimo dos que mantiveram acesa a chama da resistência nos anos de pesadelo de 1973 e 1974, quando a ditadura se pavoneava de haver aniquilado toda e qualquer oposição e parecia inútil enfrentar os donos do poder. Naquelas circunstâncias, os que teimavam em lutar sequer tinham o estímulo da crença numa vitória próxima. Seu objetivo, bem mais modesto, era simplesmente não deixar a peteca cair e impedir, de alguma forma, que a ditadura se consolidasse e o dia de amanhã fosse pior que o de hoje. Manter a bicicleta pedalando, ocupando os claros deixados pelos que estavam nos cemitérios, nas prisões e no exílio - isso era o essencial. Aos que pedalaram naqueles anos de terror, mesmo que por pouco tempo e por curtas distâncias, o país deve mais do que se imagina".
Trecho do prefácio do livro que Franklin Martins escreveu para o livro "Zarattini: a paixão revolucionária", do jornalista José Luiz Del Royo.
O lançamento do livro será hoje (18/04), às 19h, na Livraria Cultura, no Recife.
Um comentário:
boa sorte na sua participação no debate.
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